Era uma vez um Saci... Um só? Não ! Vários ! Negrinhos, baixinhos e carecas, com dentes muito brancos e um gorro vermelho na cabeça. Ninguém sabe dizer ao certo quantos sacis existem, mas contam que todos eles nasceram pulando numa perna só, em uma noite daquelas, com trovões e tempestades, no meio da mata, após sete anos de gestação dentro de gomos de bambu.
O último a nascer pulou no lombo de um cavalo, agarrou a crina e saiu galopando pelo pasto a toda velocidade. Enquanto o pobre do cavalo só pensava em cavalgar, o danado do Saci aprontava a primeira de suas travessuras : ele fez vários nós na crina do animal. E isso foi só o começo...
Com o passar do tempo, o Saci começou a aparecer na estrada para assustar os viajantes. De repente, do nada, ele assobiava e deixava quem estava passando por lá morrendo de medo.
Quando o Saci entrava nas fazendas era um terror ! Ele derrubava o leite tirado das vacas, quebrava os ovos do galinheiro, abrias as porteiras, escondia coisas e, o pior de tudo : atirava brasas nas pessoas... que saíam pulando. E o pestinha não parava de dar risada !
Um dia, o Saci saiu girando em torno de si mesmo. Parecia um pião, e provocava redemoinhos de vento. Algumas pessoas, que estavam por perto, comentaram ao ver a ventania :
- O que será aquilo ? Um ciclone ?
E um homem respondeu :
- Que nada ! É um Saci ! Um Saci !
Até hoje não se sabe como os Sacis podem fazer tanta bagunça, mas o povo comenta que eles continuam aprontando suas travessuras em todos os lugares por onde passam.
Tem até uma história de um garoto que vivia no interior e fazia sempre a ordenha das vacas. Mas, quando acabava o serviço, batia uma ventania muito forte, que virava todos os baldes.
Irritado e cansado de perder todo o leite, o garoto comentou com o seu avô :
- Eu não sei o que acontece ! Depois que eu faço a ordenha sempre aparece um redemoinho e derruba todo o leite.
E o avô respondeu :
- É o Saci ! Só pode ser o Saci !
Então o avô explicou para o menino tudo o que ele sabia sobre os Sacis, desde o nascimento até a parte mais importante : o jeito de capturá-los.
- Para prender um Saci, é preciso jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira. E quem consegue pegar a carapuça do danado é recompensado com a realização de um desejo.
O garoto ficou todo animado com a possibilidade de realizar um de seus desejos. Por isso, tratou de pedir que o avô o ajudasse a capturar um Saci.
- Quando estiver na hora da ordenha, eu tiro o leite e você fica escondido segurando a peneira. Quando aparecer o redemoinho, você atira a peneira bem rápido. O Saci vai ficar preso. E é nessa hora que você vai pegar a carapuça dele - ensinou o avô.
Na manhã seguinte, enquanto seu avô tirava o leite da vaca, o garoto ficou escondido, até que o Saci apareceu dentro de seu redemoinho de vento e... vupt!
- Peguei, vô ! Peguei o Saci ! - disse o menino, já com a carapuça do danado nas mãos.
- Devolve minha carapuça ! - gritou o Saci.
- Eu devolvo sua carapuça se você prometer nunca mais derrubar o nosso leite.
- Eu prometo !
- E também nunca mais vai estragar alimentos.
- Concordo ! - respondeu o Saci - Mas não conta pra ninguém, porque os Sacis são malvados e bagunceiros, e eu não posso ser um bom menino.
O Saci recebeu sua carapuça de volta, entrou no seu redemoinho de vento e sumiu.
Em certos dias quando acorda, o garoto vê cavalos com nós nas crinas e uma ou outra porteira aberta, mas os ovos estão sempre nos ninhos. Ah, e ele nunca mais perdeu o leite da ordenha.
Pelo jeito, ao menos um Saci deixou de ser tão malvado e bagunceiro.
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Outubro Branco
Outubro começou quente. Mas não aqui. Nós fomos pra Espanha. Minha mãe foi trabalhar três dias em Tarragona, e levou eu e meu pai. Depois nós ainda ficamos até domingo na casa do Juba, em Barcelona. O Juba é o irmão do Léo. Ele faz aniversário no mesmo dia que eu, 7 de dezembro !
A gente alugou bicicleta em Barcelona, e ficamos brincando de se perder pela cidade. Fomos também pra uma praia ali perto, chamada Lloret de Mar, onde um amigo do Juba tem um "chiringuito"(bar, http://www.facebook.com/ChiringuitoCalaCanyelles ). Lá a gente comeu uma comida que veio numa panela quase do tamanho da mesa. Chama Paella. Tava tão bom, que enquanto a gente comia, ninguém falava. E não sobrou nenhum grão de arroz.
Saímos de Barcelona no domingo bem cedo, de volta pra Basel. Quando descemos do avião, percebemos logo que aquele tinha sido o último suspiro do nosso verão boreal.
Daquele dia em diante, no nosso termômetro de Galileu, as bolinhas só tem subido (http://ciencia.hsw.uol.com.br/questao663.htm ).
No ano passado foi diferente. O frio só chegou de verdade no final de novembro. E nevou pela primeira vez no dia 18 de dezembro aqui em Arisdorf.
Nesse ano não. Nevou dois dias inteiros no final de outubro. Ficou tudo branquinho de novo. Lindo. E gelado. Exatamente como disse um amigo do meu pai, o Steve, quando a gente se mudou pra cá : a Suíça é linda, e gelada.
Os cachorros voltaram a dormir dentro de casa. De noite, lá fora faz muito frio. Tão frio que a água deles até vira gelo. Pelo menos eles já aprenderam a não fazer mais xixi dentro de casa. E a Margarida já tá devidamente castrada. Para quem não sabe, ou não lembra, dá uma olhada nesse post, pra saber um pouco do perrengue que foi o inverno passado com a louca da Margarida >> http://rafach.blogspot.ch/2012/02/invferno.html .
Parc de la Ciutadella, Barcelona |
Eu e meu inseparável sapo, no ônibus pra Liestal, indo pra Espanha |
La cosa está fea en España... |
Da janela lateral,
Do quarto de dormir...
28/10/2012 - 9:50am
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Hersberg, cidade vizinha de Arisdorf, 28/10/2012 - 15:00 |
Como eu podia imaginar que pão com queijo era tão bom? |
A pilha costuma acabar no ônibus |
Quem diria que isso foi em outubro? Eu e meu pai, na praia (!?), Barcelona. |
Plugando a parafernália |
Te cuida, Keith Richards ! |
Hook ! |
É a época deles |
Quer chocolate? É suíço. |
Eu e a Nathalie, minha vizinha, assistindo um bando de pernas-de-paus mirins |
Aprendi a digitar meu nome ! |
Acidente de percurso. A pedra não saiu da minha frente quando eu caí... |
Então se é pra nevar, que neve muito ! Quero andar de trenó ! |