quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bodensee e Appenzeller

A nossa semana de férias passou como o avião da VASP. Demorou pra chegar, passou e não volta mais. Mas foi muito boa. Ainda mais que o tempo ajudou bastante a gente. O telefone do meu pai começou a falhar. Ainda bem. Dizia que iria chover, e fez foi muito sol e calor. Perfeito pra acampar. No Bodensee. O lago que fica na fronteira da Suíça, da Alemanha e da Áustria. Ficamos num camping em Mammern, na Suíça (http://maps.google.ch/maps?hl=pt-BR&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&biw=1280&bih=681&q=mammern+switzerland&um=1&ie=UTF-8&hq=&hnear=0x479a8c1d1b4c0b5b:0x400ff88401954a0,Mammern&gl=ch&ei=9S_FT52ZF4O30QXOqaWnCg&sa=X&oi=geocode_result&ct=title&resnum=1&sqi=2&ved=0CAgQ8gEwAA).
Nosso camping em Mammern, Suíça, com o Bodensee atrás
Até que fomos checar um camping na Alemanha, numa ilha no meio do lago, chamada Reichenau. Mas quando chegamos lá, logo desistimos. Lembramos dos piores dias no litoral de São Paulo num feriado. Era muita gente. Se alguém espirrasse de noite acordava o camping inteiro. Voltamos pra Mammern, onde tinhamos encontrado o camping na beira do lago, bem onde ele escoa pro Reno, e bem sossegado. Pouca gente. Muita criança. Viramos a atração do camping. Todo mundo ali tinha um trailer ou um carro-casa último tipo, com energia solar e parabólica. E nós na nossa super barraca high-tech que arma em dois segundos (verdade), sozinha. Ali no camping, no sábado de noite percebemos um pouco da rixa entre os alemães e os suíços. Era a final do campeonato europeu de clubes. Um time alemão, o Bayern, e um time inglês, o Chelsea. Todos os suíços torceram tresloucadamente para os ingleses. O futebol agride as fronteiras. E se festeja da mesma forma. Com churrasco e cerveja.
Nos dias que ficamos em Mammern, fomos pra Schaffhausen, onde tem a queda do Rio Reno (Rheinfall) http://www.badenpage.de/ausflugsziele/ausflugsziele-in-der-region-bodensee/rheinfall.html, e andamos de barco embaixo da queda. Disseram pra gente que quem conhece Foz do Iguaçu não se espantaria com Rheinfall. Mas como tudo na Suíça é bem feito, Rheinfall é incrível. Do lado tem um castelo, e claro, um monte de história, e mais um monte de lugar lindo e limpinho e tudo conservado e cuidado e inoxidável. Cada dia a gente se surpreende mais com cada lugar aqui. Meus pais vivem dizendo que os suíços não brincam. Eu não sei bem o que isso quer dizer, só sei que aqui tudo sempre parece novo. Em todos os lugares.
Cruzando o Rio Reno na frente da queda (Rheinfall), Schaffhausen, Suíça

Eu e minha mãe, só na fumaça da queda

Passamos um dia inteiro uma ilha no lado alemão do Bodensee chamada Mainau (http://www.mainau.de/), conhecida como Blumeninsel, ou Ilha das Flores. Lembramos muito do vovô Funcia, por causa da variedade de plantas, e do Voinho, por causa das rosas. Lá existem mais de mil tipos de rosas. E a cada dia aparece um tipo novo. Lá eles tem muitos jardins cheio de flores, várias estufas com espécies exóticas, até um viveiro de borboletas. Além de muitas fontes, parquinhos e caminhos no meio de árvores centenárias, pinheiros, baobás e sequóias gigantes.
Quantos jardineiros será que trabalham nesse lugar?

Ilha de Mainau, Bodensee, Alemanha

Dei comida na boca da chifruda !

Pôneis malditos

Mainau

Viveiro de borboletas. 29 graus e 90% de umidade

Mainau

Noutro dia fomos de trem pra uma cidade medieval chamada Stein am Rhein (http://www.steinamrhein.ch/xml_1/internet/de/intro.cfm), onde tem um parquinho todo de madeira do lado de um gramado enorme onde fizemos piquenique.Fez muito calor esse dia. Essa cidade fica na beira do Rio Reno, e de lá voltamos de barco pro nosso camping em Mammern.
Praça central de Stein am Rhein

Férias = calor = sorvete

Voltando de barco de Stein am Rhein para Mammern, pelo Reno

No nosso último dia no Bodensee, cruzamos de balsa pro lado da Alemanha pra conhecer Unteruhldingen (que nome difícil... até os alemães caçoam). Ali eles reconstruíram uma vila de pescadores da Idade da Pedra (6000 a.C.). Na verdade já descobriram mais de 100 vilas como essa ao redor do Bodensee, na Áustria e no norte da Itália. São umas casas com pernas que ficam em cima da água, e que chamam em português de palafita : http://www.pfahlbauten.de/.
Aqui isso tem mais de 6000 anos. No Brasil ainda existe gente assim.

Fim de mais um dia de férias. Unteruhldingen, Alemanha

As casas com pernas

De carro na balsa que atravessa o Bodensee, da Alemanha para a Suíça

Depois de quatro dias no Bodensee, nós fomos pra uma região de montanha na Suíça, nos arredores de uma cidade chamada Appenzel, onde fazem o queijo Appenzeller. Chegamos lá quase de noite, e não tivemos muita escolha pra encontrar um lugar pra dormir. Acabamos dormindo num hotel perto do fim do mundo, onde moravam os donos suíços-franceses e uma ajudante portuguesa (http://www.kaubad.ch/). Tomamos um café da manhã que não esqueceremos tão cedo. No dia seguinte fomos parar num lugar inacreditável. Uma pousada cravada na rocha, no caminho de um lago de altitude, o Seealpsee, que ganhou o prêmio de melhor abrigo de montanha de 2011-2012, http://www.aescher-ai.ch/. Nossa idéia era passar a noite ali. Mas o caminho até Seealpsee estava fechado pra reparos, e acabamos indo conhecer o lago pelo caminho de baixo. Mas esse lugar estará no nosso roteiro de julho. Em outra viagem.
Berggasthaus Aescher-Wildkirchli, Appenzel, Suíça

De novo ela me olhando... sai do meu pé xulé !

Seealpsee, Appenzel, Suíça

Um vilarejo de pedra perdido na montanha

Queijo puro da montanha. Aqui. Appenzeller. Parece o parmezon de Aiuruoca.

Neve na beira do Seealpsee. Quem bebe desta água vive mais.

Dava pra ver o fundo do lago. Tinha truta congelada nadando.

Família. Família. Papai, Mamãe, Titia

Hoje fui levar meus tios na estação de trem em Basel. Na mesma velocidade que eles chegaram, também foram. Quando alguém vem pra cá, parece férias. Acaba rápido. Num dia buscamos eles no areoporto de Zurique, e num piscar de olhos estávamos eu e meu pai dando tchau pra eles no trem na SBB (estação central de Basel).
É como sentir um pouco aquela sensação que eu tinha no Brasil. Eles ligavam na nossa casa e falavam “vocês tão aí? Ah, então estamos indo.” É tão bom acordar de manhã e invadir o quarto das visitas ! Depois a gente toma café da manhã, waffle, sanduíche de raclette, Ovomaltine, tudo aquilo que a gente come todo dia e o pessoal não come nunca. Por outro lado : Ah, que vontade de ir na Padaria do Alvarenga comer o pão na chapa e café com leite do Zé Baby...
Fazia tempo que eu não via a Titia Laizinha e o Marcão. O computador ajuda a gente a não esquecer das pessoas, e encurta as distâncias. Ele alivia um pouco a saudade. Mas não dá pra cantar junto até aprender uma música nova, nem pra fazer cócegas um no outro. Ele coloca nossa família dentro da tela na nossa frente, mas nossa mão não entra na tela. Ele deixa eu ver a Julinha crescendo e a Morgana bagunçando, mas eu não consigo pegar os brinquedos da Julinha nem puxar o rabo da Morgana. Ele me deixa ver que na casa do Beto tem uma escada, que chega no quarto do Pedro, e eu me lembro que lá tem um monte de carrinho que eu gosto. Ele mostra pra gente que do lado de lá tá tudo igualzinho, só que não dá pra sentir o cheiro do pastel fritando na casa da Voinha. Ele deixa a gente ver o rosto das pessoas, mas não deixa dar beijo apertando a bochecha. Nem abraço de urso.
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- Mamãe, você me deu um beijinho de boa noite, mas eu não te dei um beijinho de boa noite. Vem cá pra eu te dar um beijinho.
- Tá bom Rafa.
[...]
- Pronto, mamãe. Agora você me dá um beijinho.
[Mãe dá varios beijos]
- Pronto, eu te dei muitos beijos, Rafa. Sua vez agora de me dar um monte de beijos.
- Mamãe, esse não foi o combinado.
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- Papi, posso comer um desse aí que você tá comendo?
- Rafa, isso é chocolate. Você sabe que você só pode comer esse aqui de sábado.
[...]
- Papi, hoje é sábado?
Um lugar só pra gente, Maisprachturm
Água potável. No verão, uma fonte em cada esquina.

O titio não gosta dessa minha camiseta, mas eu ponho ela mesmo assim!

Dia de calor em Kannenfeld, Basel

Brinquei tanto de escorregar na piscina que minha cueca não aguentou

Meus queridos tios, atravessando o Rio Reno, em Basel.

A titia Laizinha me ajuda a tirar a luva

Hora do lanche. E viva o queijo Cousteron!

Sant Ursanne, Suíça, perto de Aiuruoca

Todo mundo quer andar na minha bicicleta


Lanchinho em Augusta Raurica. Com direito a churrasqueira portátil e salsicha de Galloway

Titia relaxando em Kannenfeld, e se escondendo um pouco do sol

quinta-feira, 3 de maio de 2012

France, MG

Feriado é sempre aquilo. Demora pra chegar e termina logo. Então temos que aproveitar bem. E foi isso que fizemos.

Nunca tivemos um feriado tão planejado. Tudo começou, na verdade, no fim de semana passado, quando minha mãe arrastou a gente até uma livraria em Basel e comprou uns 5 guias de viagens. Agora temos guia de campings da Europa, do Sul da França (nossa proxima viagem), viagens com crianças pela Suíça, fim de semana para experts e o melhor do noroeste da Suíça, que é onde a gente mora.


28/4/2012

Prometeram sol, mas só até meio dia. Então corre! Tomamos café correndo e saímos pra Langenbruck, onde tem um tobogã que fica aberto o ano inteiro. No inverno vira uma pista de trenó no gelo. No verão é um tubo de aço inox, porque os suíços adoram aço inox. O mais legal é que tudo ali é movido a energia solar. E se não tiver sol? Não faz mal, a energia solar é só pra carregar as baterias que empurram a gente lá pra cima. Uma moleza. E pra descer é bem rápido, olha só : http://youtu.be/5d31kJwKeC8 , www.solarbob.ch

Rolimã suíço
Foi tão rápido que resolvemos ir pra outro lugar, aproveitar o sol que insistia em brilhar. De Langenbruck pegamos um atalho pra Reigoldswil, aquele lugar onde a gente quase congelou no inverno. Lá, nos dias quentes dá pra subir de teleférico e descer de patinete http://www.wasserfallenbahn.ch/de/angebot/sommerangebot/trotti-plausch/. E o dia tava perfeito pra isso. Antes de descermos ainda fizemos um piquenique lá em cima. Pela primeira vez não passamos frio naquele lugar. E foi um dia, assim, sobre rodas.


Achtung. Fertig. Los!
Parada pra matar a sede no meio da descida


29/4/2012

Domingo é dia de acordar tarde. E como na segunda não tinha que ir pra escola eu podia dormir tarde também. Depois do café da manhã farto (a mesa tão farta, tá, tá), fomos pra Farnsburg (http://www.landgasthof-farnsburg.ch/), ver as ruínas de um castelo do século XIII. Fica bem perto de casa, e a gente nem sabia. Ainda bem que minha mãe comprou o guia. Levamos o Lupa e a Margarida, e eles também gostaram porque puderam ficar soltos o tempo todo. A subida até as ruínas foi cansativa. Pro meu pai, claro, que me levou nas costas. Todos os castelos por ali foram construídos em cima dos morros mais altos, porque desse jeito podiam ver todas as terras deles e não deixavam ninguém chegar perto. Encontramos um lugar perfeito pra fazer piquenique. Levamos até o tostex e o fogareiro! Duro foi segurar os cães, porque tinha gente fazendo churrasco do nosso lado. Depois a gente desceu até a fazenda e enquanto eu fiquei no parquinho meus pais ficaram no restaurante tomando cerveja. Tava tendo um casamento lá, e minha mãe disse que tinha uma moça pelada.

Vista de Baselland de cima das ruínas de Farnsburg. Maisprach em frente.

Ruínas de Farnsburg
Piquenique, momento relax. Eu gosto de você, Mami.


30/4/2012

Meu pai saiu cedo de casa, tão cedo que eu nem vi. Ele foi pra aula de alemão, e eu não entendi nada. Não era feriado? Era, mas só na terça. Na segunda ele tinha aula. Ele foi de tram, e depois eu e minha mãe pegamos ele na escola, que dali já era caminho pro nosso passeio do dia. Em menos de 20 minutos começamos a chegar perto de Delemont, e todas as placas da estrada já estavam em francês, daquele jeito engraçado, tütütü pipipi tütütü. Ainda tínhamos que ir depois pra Porrentruy e de lá finalmente pra Reclère, onde estão as grutas e o parque pré-histórico http://www.prehisto.ch/. Parece que nesse lugar era antigamente uma fazenda que tinha um buraco no chão onde eles jogavam os bichos mortos. Até que um dia alguém resolveu descer pelo buraco, e descobriu uma das maiores cavernas da Suíça. Aí pronto, já construíram um hotel do lado e um parque com réplicas em tamanho natural dos bichos que viveram por ali no tempo dos dinossauros.
O avô do tatu
Esse a Margarida nem se atreve a pegar

Viagem ao Centro da Terra
Tudo muito legal. Mas o melhor ainda estava por acontecer. O parque fica na fronteira com a França (tütütü pipipi), e resolvemos cruzar pra lá porque nosso carro tava quase sem diesel, e lá na Frrrança é muito mais barrrato. Só precisávamos ir até a cidade mais proxima e achar um posto. E até acharmos a cidade e o posto mais próximo aconteceu uma coisa estranha. A gente desceu a serra até o vale, e quando chegamos lá embaixo, estávamos do lado de Aiuruoca!? As estradas eram pouco sinalizadas, havia vacas e ovelhas por todos os lados e os povoados não tinham mais do que dez casas. Resolvemos perguntar então pra um Tião que encontramos pelo caminho onde era o posto mais perto. Só que como estávamos no meio do mato, quase não entendemos o que o caboclô faleaux. Apenas algo parecido com São Polit. Andamos um pouco pela estrada que ele indicou com a mão e vimos uma placa "Sant Hypollite". Passamos por alguns vilarejos parados no tempo, daqueles onde os caboclôs só quérrrem sabê d'comê frrromage et pescá trrruíte. E uma placa na estrada chamou a atenção da minha mãe na mesma hora : fromage du chevre 1500m. Uma estradinha de terra, que ligava o rio ao céu. Mil e quinhentos metros pra cima. E chegamos em Aiuruoca, MG. Certeza. Alguma coisa aconteceu em Aiuruoca que eles estavam falando que nem na França : tütütü pipipí alonzonfondelapatrrrrí. O casarão com uma plaquinha feita a mão indicava a queijaria. E apareceram o dono e a mulher com a tradicional bota Sete Léguas, a calça de abrigo Adidas surrada e furada na bunda, e camiseta furada e rasgada pelo tempo. A mulher falava um pouco de alemão (esperta essa cabocla), e fez questão de mostrar pra nós a queijaria e todos os trezentos e quarenta tipos de queijos de cabra e vaca que eles faziam lá. Só faltou oferecer café e bolo de fubá. Bom, temos queijo pra toda a temporada.
Se fosse na Suíça essa placa era de inox

Ferme de Cernay, MG

Próximos da fronteira da Suíça com Minas Gerais
A prova de que estávamos em Minas


Em Sant Hypollite, além de encher o tanque do carro, meus pais entraram numa tal de Charcuterie e pareciam duas crianças numa loja de doces. 
Chegamos em casa, e só me lembro do meu pai correndo pra acender a churrasqueira, e minha mãe abrindo o vinho enquanto dois enormes bifes de entrecôte de St.Hypollite recebiam os devidos cuidados.

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Workaround #1

- Rafa, leva lá pra cima no banheiro as duas pastas de dente que nós compramos. A nossa e a sua.
- Não quero. Só quero levar a minha.
- Leva as duas, por favor.
- Já falei que não quero! Só vou levar a minha.
- Tá bom, então sobe lá e leva a sua.
- Tá.
- Depois vem aqui embaixo e leva a outra.
- Tá.

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1/5/2012


Apenas acordar e fazer alongamento. E mais nada. Dia de ficar em casa, brincar de trenzinho e levar os cachorros pra passear. A Mamis teve dor de cabeça. Eu ajudei o meu pai a limpar os escargots. Eles fazem maior sujeira, e comem um monte de alface e aveia. Por que o cocô do escargot sai preto se ele só come alface e aveia?


Todo mundo foi dormir cedo, porque no dia seguinte minha mãe foi pra Paris, meu pai pra aula de alemão, e eu pra minha escola Pumuckl.


Alongamento

Ffffff !!!
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Workaround #2

- Mami, quero ir lá fora brincar.
- Mas agora você tem que tomar banho.
- Agora não!
- Tá bom. Depois.
- Depois?
- Do banho.
- Tá bom.


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