terça-feira, 16 de abril de 2013

Super Heróis


Primavera chegou

Tulipa

Flores silvestres no nosso jardim

Terminou oficialmente o inverno !

Amarelo

Roxo

Estamos na metade de abril. E só agora que o sol e o calor começaram a voltar. Ontem fez a maior temperatura desde setembro do ano passado : 23 graus. Em Basel, ontem, tinha um monte de gente com os pés dentro do Rhein (Reno). Um monte de gente sentada no primeiro degrau na margem do rio, ao lado da Mittlere Brücke, onde a gente nadou no ano passado. Gente lendo livro, usando computador, no telefone, comendo morango, ou só lagartixando no sol. Só que ontem foi mais engraçado : passou um barco de carga mais ou menos grande, que veio fazendo uma marola mais ou menos alta, e o povo ali no primeiro degrau mais ou menos distraído ou excessivamente concentrado. Quando percebem o tamanho da marola se aproximando, já era tarde. Era só gente se levantando com o bumbum molhado, com a bolsa encharcada, e teve até uma menina que perdeu um pé do sapato, porque a marola levou. E apesar do calor, aquela água não devia estar nem perto de fria. Gelada. No minuto seguinte já não tinha mais ninguém sentado no primeiro degrau.

Em março eu fui com os meus pais pro Brasil. E os cachorros dessa vez ficaram na casa dos Barbas. Ou seja, eles passaram a viver, temporariamente, em oito. Vejam essa participação especial da Tia Camila nesse blog. Os "Relatos da vida a 8" :

"...a vida por aqui continua tranquila - desde que a Margarida esteja na coleira!
Sair para passear com eles virou assunto de todo o bairro; nesses apenas 4 dias, toda a vizinhança já os conhece.
No passeio da manhã, o trajeto mais longo, passamos pelas escolas dos meninos para ir em direção ao rio e TODAS as crianças vêm ver os cachorros. A Margarida adora. O Lupa desconfia.
O Lupa já conhece o caminho todo até voltar para casa; a Margarida só na coleira. Amarro uma corda grande, e quando chegamos no rio ela vai direto se molhar.
Cachorra esperta essa Margarida... e nasceu para caçar! Ela tá feliz da vida com a vizinhança de galinhas, patos e ovelhas. Sem falar dos coelhos. Mas esse foi o Lupa que quase pegou um.
Passeamos três vezes por dia, duas delas depois de comer. Estou impressionada e hoje cronometrei: 37 segundos para devorar o prato de ração!
Em casa eles têm televisão na porta de vidro: eles do lado de fora, e o Nego do lado de dentro...é um tal de rrrrrrrrrr....a gente se diverte, mas a mínima esperança que eu tinha de fazer com que eles se entendam, não existe mais.
Eles já entenderam que eu vou cuidar deles nesse tempo. Lupa já me elegeu sua persona oficialis, e vai aonde eu vou.

Acho que eles estão felizes com a nova rotina. Ainda nem precisei da orelha de porco*!"

*O aperitivo/recompensa predileto do Lupa e da Margarida.

E foi assim que os cachorros ficaram dezoito dias longe de casa. Da nossa casa. Mas na casa do Paulão, Camila, Teo, Xico, Lino e Nego. E durante esse tempo, também do Lupa e da Margarida.


A neve foi embora. Começou a chuva. Daqui a pouco tem cereja e morango !


Quando fomos pro Brasil, ficamos na casa da Julia, a minha prima, da Dinda e do tio Edison. É legal ficar lá, porque sempre tem gente na casa. A vovó Rosali vai lá quase todos os dias. O Vovô Funcia e a Vovó Celina também sempre dão um jeito de passar por lá. Fica perto da padaria e perto do Pedro. A Titia e a Voinha tem que ir de carro pra ver a gente. Mas é pertinho também.  Meu pai me levou na pracinha que a gente ía quando eu era bem pequeno. Eu não tinha nem dois anos. Agora eu tenho quatro. E já vou em alguns brinquedos que antes eu não podia, ou não conseguia. Lá na pracinha tem um campo de futebol. Não é igual o de Arisdorf, porque só tem grama nos cantos. E a trave não sai do lugar. Ah, e um time ataca pra cima e o outro pra baixo. E do lado tem a rua. Teve um dia que a gente jogou bola ali com o Pedro e o tio Beto Panela. Foi muito legal. Foi um jogo do Basel contra o Tricolor. E o Basel ganhou. O Basel sempre ganha.

Agora todos os dias quando eu chego da escola, se não estiver chovendo, eu e meu pai colocamos nossas chuteiras e vamos pro campo. O daqui de Arisdorf, atrás de casa. Tem grama no campo todo. Ele é enorme. As traves mudam de lugar quase todos os dias. E não tem rua por perto. Só um riacho gelado. Que quando a bola cai nele tem que sair correndo pra pegar, senão a bola vai embora.

No Brasil a gente sempre corta o cabelo no clube

Eu, Juju, Tio Edison e Morgana, na barraquinha 

Na Casa da Dinda. Em São Paulo.

O espião também foi pro Brasil !

Indo pro parque com a Julia

Fomos empinar pipa no Parque Villa Lobos


Enfim, parece que nesses dias no Brasil aconteceu alguma coisa comigo, que agora eu só quero saber de jogar bola. Os suíços não sabem jogar bola. O que eles jogam aqui é futebol. E um é diferente do outro. Minha bola de futebol agora é o brinquedo da vez. Sinal que o verão tá chegando. Os filmes começam a voltar pros armários. Os jogos. O trenzinho de madeira. Todos os brinquedos de dentro de casa começam a voltar pras caixas. Começam a sair do armário as chuteiras, as bolas, as bicicletas, patinetes. Saem as camisas de manga curta e os shorts e guardam os casacos e as camisas de manga comprida. Saem as camisetas de futebol e guardam as do McQueen e do Homem Aranha.

Aliás, o Homem Aranha nem é tão sensacional. Descobri que existem vários outros super-heróis : o Homem de Ferro, o Thor, o Hulk, que é um homem verde, o Batman, e muitos mais. O que nunca falam é que existem super-heróis de verdade aqui, e não só nas histórias. Alguém já viu um super-herói de historinha ensinar alguém a amarrar o tênis? Ensinar a andar de bicicleta? Levar pra tomar sorvete? Levar no parque? Na pracinha? No clube? Jogar bola com a gente? Dar presentes pra gente só porque gostam da gente?  Já viu um super-herói limpar o carro com espanador? Contar a mesma história uma dúzia de vezes e quantas mais forem necessárias, sem pular nenhuma parte? Já viu um super-herói de historinha que é gordinho? De óculos? Que sabe exatamente o que a gente gosta de comer? O nome disso não é super-herói. O nome disso é avô. E no dia quinze de março, o meu avô, o Voinho, dormiu. E foi ser mais uma estrelinha lá no céu, junto com a bisa Tília, o Cafu,  e muitos outros cachorros, e avós e bisavós de um monte de gente, que um dia entrou no mundo pra viver, e que quando saem dele, ficam lá de cima olhando pra gente. Cuidando da gente. E iluminando de noite o telhado da nossa casa. Da nossa casinha de Arisdorf.

_____________________________________________________


"Relatos da vida a 8", 2a.parte . Escrito uma semana após o alegre e feliz relato número 1 acima, vejam que já nem tudo são flores :

"[...] abaixo copio o email que enviei para o Paulinho contando um pouco das coisas por aqui. Tudo tranquilo, e essa experiência foi ótima para me mostrar que eu não quero ter cachorro grande!!! O cocô é enorrrrme!!!
No mais, só me irrita que a Margarida pula na gente e suja todas as roupas!! Mas beleza, pra isso tem máquina de lavar!!
Não tá sendo muito trampo não, já me acostumei com os passeios diários e passeio mais com eles do que com o Nego!! Adoro os passeios."


 A girafa não fala
Caracol, ou Escargot, como prefere o Vovô Funcia

Leão

Elefante


Foi aniversário do Rolf e do Peter. Um de cada lado meu.
Eles são iguaizinhos.
Quem é o Rolf, e quem é o Peter?
Eu também não sei.

Teve bolo de chocolate e brigadeiro no aniversário !
A mãe do Rolf e do Peter é brasileira...

Sol, calor, grama verdinha ! 

O Voinho ganhou um Pau-Brasil em cima dele.
Uma muda da minha árvore que está lá em Piracaia.
Super Herói