Na Vila do Ari: junho 2013

A gente sabia que pra Voinha vir pra cá, era só convidar. E foi assim. A gente convidou, e ela veio. Nem uma semana, nem duas. Três. Ou quase isso. E como passou rápido. Quando alguém avisa que virá pra cá, eu gosto de saber quanto tempo falta. E fico contando os dias. E quando a pessoa chega, eu logo pergunto quando ela vai embora. Não é que eu queira que ela vá embora logo. Eu só quero saber quanto tempo ela vai ficar aqui. É diferente.

Nós levamos a Voinha primeiro pra Bern. Meus pais me contaram que as pessoas que escolhem o que vai acontecer com a Suíça trabalham em Bern. Numa casa enorme chamada Curia Helvetica. Na Suíça, essa história das pessoas que mandam no país também é diferente. Aliás, é isso mesmo : são as pessoas que mandam no país. Pra todos os assuntos, todos mesmo, e pelo menos umas duas vezes por mês, eles tem que ficar escolhendo "Ja" ou "Nein". Na rua sempre tem placa com um "Ja" bem grande, ou com um "Nein" vermelho.

Nós fomos lá ver uma exposição de umas estátuas marrons que trouxeram da China (http://www.qin.ch/en/). Sempre quando eu vou com meus pais em museus me dá dor de barriga, depois dor de cabeça, depois dor de pé, de orelha, depois me dá vontade ir no banheiro, depois dá vontade de correr dentro do museu. Mas não pode. Aí volta a dor de barriga, depois dor de cabeça, depois dor de pé, de orelha... Pelo menos em museu sempre tem sorvete.

Mas em Bern também tem o Bärepark (parque dos ursos), ali, do lado do rio Aare. Aquele lugar é muito legal. E como é bonito. E tem do lado do Bärepark, um lugar que era a garagem do tram, antigamente, e agora é uma cervejaria. Eu adoro o Bärepark. E meus pais adoram ir depois no Tram Depot. A Voinha toma cerveja escura. Ela sempre fala que não gosta de cerveja. Só da escura. Depois fala que quer só uma pequena. Depois diz que só toma mais uma.

Bern vista do Bärepark

Ponte sobre o rio Aare, Bern

Zum Wohl !

O porquinho é um cofrinho
pra fazer doações para os ursos.

Um dos passeios que tínhamos pensado em fazer com ela, seria conhecer a Maison Cailler - http://ch.maisoncailler.com/en/about-us.html - onde eles fazem alguns dos melhores chocolates daqui. Um macaco pergunta para o outro (minha mãe perguntando para a Voinha) : você quer banana? E lá fomos nós, nos entupir de chocolate. Eles contam a história do chocolate (de origem azteca) e da fábrica. No final da visita tem uma sala com todos os chocolates que eles fazem. E a gente pode comer o que quiser. Quantas vezes quiser.

Quando um passeio começa por uma fábrica de chocolate, pro dia terminar suíço você tem que ir numa queijaria. E estávamos do lado de Gruyère http://www.la-gruyere.ch/en/Destinations/Gruyeres.html, uma vila medieval. Fica perto da Maison Cailler. Andamos, e andamos, e andamos, e ficamos com fome de novo depois do chocolate. Entramos num chalé-restaurante e comemos aquela comida de todas as sextas-feiras no frio : fondue. E Raclette.

Em La Gruyère

Alien Café, La Gruyère

La Gruyère

Maison Cailler

Macacos em loja de banana

Coma chocolate o quanto puder !
Isso é que é vida !
Abaixo a barrinha de cereais !

Maison Cailler

O ponto alto da visita da Voinha foi o nosso passeio pro Jungfraujoch http://www.jungfrau.ch/en/quick-navigation/top-of-europe/360-degree-panorama/ , um dos picos mais altos da Suíça. Pra ir pra lá, tem que deixar o carro em Lauterbrunnen http://www.myswitzerland.com/en/lauterbrunnen.html , um dos lugares mais lindos que a gente foi desde que chegou aqui. De Lauterbrunnen sai um trem que chega na estação ferroviária mais alta da Europa, a 3454 metros. A Voinha parecia uma criança na janela do trem olhando a paisagem. Ela falava : poxa, a gente vê fotos desses lugares e nunca acha que vai estar lá. E eu estou! - Quando o trem começa a subir, a temperatura começa a cair. E de repente o trem entra num túnel. E sobe. E sobe. E sobe. E para numa estação. E sobe. Sobe. E para em outra estação. Tudo isso dentro do túnel. E sobe mais. E para na última estação. Ainda dentro da pedra. Esses suíços são uns malucos mesmo. Construíram uma ferrovia dentro da pedra, até quase o topo do morro. Três graus negativos do lado de fora. A cara da Voinha que antes era de admiração, agora é de espanto. Não sei se com a paisagem, ou com o frio : ai que lugar lindo ! Que gelado ! Mamamia. Quando chegamos de volta em Lauterbrunnen, passamos na casa da Karen, que fica de frente pra cachoeira. Ela disse que todo o vale tem milhares de cachoeiras. A gente quer voltar pra Lauterbrunnen.

Vista ao lado da igreja, Lauterbrunnen

Esipalast (Palácio de Gelo), Jungfraujoch

Verão alpino

Mamãe, eu gosto de você !
Não, não... eu te amo !

Um dia privilegiado a 3454 metros

Última estação antes da subida final. Kleine Scheidegg.

Voinha na janela do trem,
como quem acaba de ver a fada madrinha.

Caminho do trem, entre Lauterbrunnen e Wengen.

No último fim de semana da Voinha por aqui, nós ainda fomos pra Alsácia, tomar vinho e comer batata. Ah, e também no Ecomusée d'Alsace http://www.ecomusee-alsace.fr, um museu a céu aberto, com construções trazidas de várias vilas da região, que estavam prejudicadas depois da Segunda Guerra. Montaram uma vila típica da Alsácia, com várias demonstrações de como as coisas eram feitas artesanalmente no passado : sapateiro, ferreiro, queijaria, refinaria de azeite, até barbearia. E o melhor de tudo, é que, como o museu é a céu aberto, então pode correr. E gritar. No final do dia fomos pra Burgheim, e como planejado comemos batata e os adultos tomaram vinho. Eu tomei só suco, mas não voltei dirigindo.

Domingo, dia 16/6, de noite. Minha mãe foi pra Alemanha trabalhar a semana inteira. A Voinha entrou por aquela porta do aeroporto que leva a gente pro Brasil. Eu e meu pai voltamos pra casa. A semana começa de novo. Sempre começa de novo. O tempo só anda pra frente. Que pena que o Voinho não conseguiu vir pra cá. Mas ele está sempre aqui. De noite, quando não tem nuvem, dá pra ver ele lá em cima. Do lado da Bisa Tília e do Cafu. Olhando pra nossa casinha. Pra nossa casinha de Arisdorf.